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'Escola tratou como uma briga qualquer', diz pai de adolescente com deficiência que recebeu carta ofensiva de colega de classe

Pais denunciaram que filha recebeu carta com frases ofensivas e discriminatória de colega de sala em Ribeirão Preto (SP) Arquivo pessoal O advogado Felipe de ...

'Escola tratou como uma briga qualquer', diz pai de adolescente com deficiência que recebeu carta ofensiva de colega de classe
'Escola tratou como uma briga qualquer', diz pai de adolescente com deficiência que recebeu carta ofensiva de colega de classe (Foto: Reprodução)

Pais denunciaram que filha recebeu carta com frases ofensivas e discriminatória de colega de sala em Ribeirão Preto (SP) Arquivo pessoal O advogado Felipe de Carvalho Lucas, pai da adolescente com deficiência neuromuscular que recebeu uma carta ofensiva da colega de classe, disse que, após o caso vir à tona, a maior dor é o silêncio da escola onde a filha estuda, uma instituição particular que fica na zona Sul de Ribeirão Preto (SP). Ao g1, ele revelou que a escola não compartilhou o conteúdo com a família e foi a filha, de 12 anos, que é cadeirante e tem miopatia nemalínica, que contou o que tinha acontecido. 🔎A miopatia nemalínica é uma doença rara que causa fraqueza muscular, hipotonia (diminuição do tônus muscular) e reflexos deprimidos ou ausentes. O sistema cognitivo não é afetado. ✅Faça parte do canal do g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp Entre as palavras usadas pela aluna na carta enviada à adolescente estão que ela sentia 'nojo' da colega de classe e que a menina deveria 'ficar longe' dela. "Se a condição física da minha filha incomoda outra criança, é a outra criança que deve sair da sala. A minha filha não fez nada para ser ofendida. E o mais grave é que a escola está tratando isso como se fosse uma briga qualquer entre duas crianças", diz Felipe. O caso aconteceu na segunda-feira (6) e a família registrou um boletim de ocorrência pelo crime de praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência, conforme previsto no Estatuto da Pessoa com Deficiência. Os pais da adolescente pretendem acionar a Justiça. Veja os vídeos que estão em alta no g1 Procurada pelo g1, a A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informou que a Unidade Regional de Ensino (URE) de Ribeirão Preto encaminhará uma supervisora até a unidade para apurar a denúncia. "A Seduc-SP repudia veementemente qualquer forma de bullying ou discriminação dentro ou fora do ambiente escolar e reforça que as Unidades Regionais de Ensino (URE) têm a responsabilidade de supervisionar e fiscalizar o trabalho pedagógico das escolas particulares, garantindo que cumpram integralmente as normas estabelecidas pelo Conselho Estadual de Educação". Família cobra responsabilidade da escola Ao g1, Felipe disse que, após o episódio, a escola não demonstrou preocupação com o impacto emocional causado à filha e não adotou medidas de advertência ou orientação à aluna autora da carta. "Ninguém procurou saber como ela estava, como se sentia. Até agora, ela não recebeu um pedido de desculpas. A escola tenta justificar dizendo que a outra aluna tem transtornos alimentares, mas isso não faz sentido. Não se trata de nojo de comida. É preconceito". LEIA TAMBÉM Pais denunciam que adolescente com deficiência recebeu carta com frases ofensivas de colega de sala no interior de SP Mãe diz que criança fez xixi na roupa após ser impedida por professora de ir ao banheiro em Mãe de adolescente autista denuncia omissão de escola após filho ser agredido por colega O pai também questiona a falta de transparência da direção. Segundo ele, a escola não mostrou o conteúdo da carta à família nem fez registro formal do caso. "A escola leu o conteúdo, a mãe da autora leu, mas nós, pais da vítima, não tivemos acesso. Como não guardaram uma cópia de um documento tão sério? Isso é falta de responsabilidade". Ainda segundo o pai, a Diretoria Regional de Ensino informou que a instituição não registrou a filha como estudante com deficiência, o que é obrigatório por lei. O g1 entrou em contato com a escola, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. 'Fazem parecer que é um favor incluir', diz mãe A mãe da menina, a fisioterapeuta Letícia Constâncio, conta que a filha estuda na instituição há oito anos e que a família sempre enfrentou dificuldades em relação à inclusão. Segundo ela, a escola não possui profissional de apoio exclusivo e já apresentou falhas em outros momentos. Durante uma festa junina, a adolescente não conseguiu participar porque o local não tinha acessibilidade. Após uma cirurgia, ela também ficou sem acompanhamento em aulas de educação física. "Eles fazem parecer que estão nos fazendo um favor por aceitar uma criança com deficiência, mas inclusão é um direito. Em oito anos, a escola nunca se preparou de fato". Letícia afirma que, desde o episódio da carta, a filha não quer mais voltar às aulas. A família já iniciou o processo de transferência para outra instituição. "Não há condições de ela continuar em um ambiente onde não se sente segura nem acolhida". Pais denunciaram que filha recebeu carta com frases ofensivas e discriminatória de colega de sala em Ribeirão Preto (SP) Arquivo pessoal Conteúdo ofensivo O caso aconteceu na segunda-feira (6), quando a adolescente escreveu uma carta à colega perguntando por que ela não queria conversar ou se aproximar. Como resposta, Letícia conta que a filha recebeu uma outra carta, onde a colega teria afirmado sentir 'nojo' e pedido que a adolescente ficasse longe. "Ela ficou muito abalada, chorou muito. A escola não nos procurou naquele momento, quem nos contou foi ela mesma". Segundo Letícia, a doença da filha é rara e compromete os movimentos, tornando a adolescente dependente de cadeira de rodas. O cognitivo é preservado, mas ela depende de auxílio em tarefas diárias dentro da escola. O caso foi encaminhado ao 4º Distrito Policial de Ribeirão Preto. *Sob a supervisão de Flávia Santucci Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região 🔎